Dos limites da tolerância
Ao contrário do que diz o Miguel, a tolerância não é a capacidade de aceitar o diferente. Quando se tolera não se aceita e quando se aceita não é necessário tolerar. Tolerar ou praticar a tolerância implica com efeito um juízo moral que censura o objecto da tolerância. Constitui um permissio negativa mali, um consentimento na melhor das hipóteses indulgente ou condescendente. Ser tolerante em relação ao estrangeiro, ao imigrante, ao negro, ao judeu, ao árabe, ao chinês, ao homossexual, ao velho, a qualquer topos identitário significa tão-só transigir na co-presença, sem renunciar ao ascendente lógico e moral que, por intermédio da objectivação da praxis tolerante, classifica, deprecia, menospreza, distancia, exclui o outro.
Comentários
Essa desconfiança toma as pequenas "recusas" e "intolerâncias" como armas de uma batalha maior. É invisível e não faz falta nenhuma.
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