Habemus Papá

Ao ver isto, o Mário (Nobre Soares), nem se dará ao trabalho de ler os comentários, análises, exegeses, observações, notas e advertências, venham donde vierem. Por razões que não escapam a ninguém e que são mais fortes que ele, troçará das hipóteses do adversário: isto está bom. Podem encomendar os charutos da vitória. O gajo não vai lá à primeira, papo-o à segunda. Como da outra vez. Acontece que desta vez o caldo entornará e nem um colete de salvação insuflável impedirá que, passe a metáfora que traz água no bico, submirja muito antes da praia. É que – como os resultados da sondagem também indicam – uma parte, transversal ao espectro político, dos portugueses, insegura, especialmente carecida de autoridade, desta vez quer um pater familias como deve ser. Quer portanto um Papá repressivo, intransigente, austero, durão, que não aberra nem negoceia a ordem das coisas, castigador, capaz de umas descomposturas, açoites e azorragues e não um avozinho meigo, complacente, vago anjo da guarda, prolífico nos mimos e nas beijocas, que apára asneiras, que alinha em farras igualitárias – as que pode. A auto-estima tem bastante que se lhe diga. Às portas do inferno, com o caso mal parado, quer cá saber de vontades satisfeitas. Quer é filiação projectiva que valha a pena, que não hesite em dizer, preto no branco: os meninos não têm vontades; e daí que nunca, mas nunca se compadeça do reumático e de contos do arco do velho. A idade não conta? Ai não que não conta.

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