Der ewige Mann
Devo aclarar que o título deste post constitui uma glosa do título do sinistro filme nazi de propaganda anti-semita: Der ewige Jude (o eterno judeu). Convém ainda apensar que esse filme não é de Leni Riefenstahl, a artista (causará transtorno ou mesmo ofenderá designá-la assim?) a pretexto de quem venho aqui logo pela manhãzinha.
A questão (uma questão!) que a obra de Riefenstahl – intimamente ligada à própria construção do regime nacional-socialista como regime de matriz estética para realizar a grande epopeia do renascimento do povo alemão – suscita é saber se devemos e/ou conseguimos apreciar um trabalho artístico, no caso cinematográfico, autonomizando-o das injunções políticas (monstruosas) que ele transporta. Questão tanto mais pertinente quanto, nos artefactos (artísticos) posteriores, apesar de ter visto a sua carreira destroçada/interrompida para sempre, a realizadora de Triumph des Willens nunca ab-rogou a filiação na imagética nazi que ela própria decisivamente ajudara a conceber e materializar. É justamente isso que, tudo indica, ressuda no par de fotografias que acompanham este texto. Na coibição do pormenor da cor da pele, sobressai que, como sistemas de signos corporais, pouco contrastam.
Claro que se pode deslocar (sensivelmente) o centro de gravidade do problema, aventando que todo o gosto (cultural-artístico) é inerentemente político. Dito assim, é pouco esclarecedor e ainda menos fundamentado; mas sabem que mais? Por ora, deixarei a discussão em aberto. Um destes dias (que, alerto, pode demorar meses), recuperá-la-ei, voltando pois ao assunto. Se entretanto quiserem pronunciar-se, façam como se estivessem em vossa casa.
A questão (uma questão!) que a obra de Riefenstahl – intimamente ligada à própria construção do regime nacional-socialista como regime de matriz estética para realizar a grande epopeia do renascimento do povo alemão – suscita é saber se devemos e/ou conseguimos apreciar um trabalho artístico, no caso cinematográfico, autonomizando-o das injunções políticas (monstruosas) que ele transporta. Questão tanto mais pertinente quanto, nos artefactos (artísticos) posteriores, apesar de ter visto a sua carreira destroçada/interrompida para sempre, a realizadora de Triumph des Willens nunca ab-rogou a filiação na imagética nazi que ela própria decisivamente ajudara a conceber e materializar. É justamente isso que, tudo indica, ressuda no par de fotografias que acompanham este texto. Na coibição do pormenor da cor da pele, sobressai que, como sistemas de signos corporais, pouco contrastam.
Claro que se pode deslocar (sensivelmente) o centro de gravidade do problema, aventando que todo o gosto (cultural-artístico) é inerentemente político. Dito assim, é pouco esclarecedor e ainda menos fundamentado; mas sabem que mais? Por ora, deixarei a discussão em aberto. Um destes dias (que, alerto, pode demorar meses), recuperá-la-ei, voltando pois ao assunto. Se entretanto quiserem pronunciar-se, façam como se estivessem em vossa casa.
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