Der ewige Mann

Leni Riefenstahl, Olympia [Camera Work Portfolio, Anatol], 1936Devo aclarar que o título deste post constitui uma glosa do título do sinistro filme nazi de propaganda anti-semita: Der ewige Jude (o eterno judeu). Convém ainda apensar que esse filme não é de Leni Riefenstahl, a artista (causará transtorno ou mesmo ofenderá designá-la assim?) a pretexto de quem venho aqui logo pela manhãzinha.
A questão (uma questão!) que a obra de Riefenstahl – intimamente ligada à própria construção do regime nacional-socialista como regime de matriz estética para realizar a grande epopeia do renascimento do povo alemão – suscita é saber se devemos e/ou conseguimos apreciar um trabalho artístico, no caso cinematográfico, autonomizando-o das injunções políticas (monstruosas) que ele transporta. Questão tanto mais pertinente quanto, nos artefactos (artísticos) posteriores, apesar de ter visto a sua carreira destroçada/interrompida para sempre, a realizadora de Triumph des Willens nunca ab-rogou a filiação na imagética nazi que ela própria decisivamente ajudara a conceber e materializar. É justamente isso que, tudo indica, ressuda no par de fotografias que acompanham este texto. Na coibição do pormenor da cor da pele, sobressai que, como sistemas de signos corporais, pouco contrastam.
Claro que se pode deslocar (sensivelmente) o centro de gravidade do problema, aventando que todo o gosto (cultural-artístico) é inerentemente político. Dito assim, é pouco esclarecedor e ainda menos fundamentado; mas sabem que mais? Por ora, deixarei a discussão em aberto. Um destes dias (que, alerto, pode demorar meses), recuperá-la-ei, voltando pois ao assunto. Se entretanto quiserem pronunciar-se, façam como se estivessem em vossa casa.

Leni Riefenstahl, Nuba series [Jamila], 1965-1974

Comentários

Anónimo disse…
Who the fuck are you? Deixas-me mensagens enigmáticas no mail do esplanar? Faça o favor de se identificar!
Afonso Bivar disse…
O tanas. Ou não sabes que um bicho da seda só se deixa identificar quando sai da fase larvar? Além de mais, esse tom de Obergruppenfuhrer, tipo Reinhard Heydrich, não me impressiona nada. Se, em vez de vires aqui, com essa algazarra toda, tivesses ido, como sugeri, ao meu mail, o desvendar do enigma não demoraria. Bad, bad boy. Do it righ, next time.
Afonso Bivar disse…
Olhe, musa. Como não é nada bronca, ao menos podia vir aqui aventar umas ideias, em vez de insistir no aranzel, que já enjoa. Para mais, neste post. É a chamada falta de sentido de oportunidade. Amanhã não conte com nada que a aproveite. Fica adiado para a semana. Ou para seguinte; ou para as calendas.

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