A propósito da experiência do sublime

Haverá alguma alma compassiva por aí que me saiba elucidar: por que razão o J.S. Bach apurou tanto quando transmudou a crónica da Paixão do S. Mateus? Eu teria preferido que amasse mais S. João¹. Para minha mágoa (tal como, estou certo, para júbilo de protestantes, anglicanos e até evangélicos, embora estes últimos, como é público e notório, não se notabilizem por cultivar o gosto musical erudito), não cuidou tão assombrosamente deste. Aos beatos, tartufos e místicos de ocasião, digo: escusam de vir para aqui com a inspiração divina e os mistérios insondáveis da Criação. A coisa, como toda a coisa sísmica, é bem telúrica.

¹Já agora, se alguém por acaso conhecer o senhor que se não fosse um certo i em vez de e seria jardineiro – e nada se lhe poderia repreender, uma vez que em Inglaterra jardinar é um distinto modo de vida –, é capaz de o informar que é tudo muito bonito, sim senhor, mas essa coisa da autenticidade e da fidelidade instrumental e interpretativa ao original e à época não passa de uma ilusão como outra qualquer.

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