O que tu queres, sei eu! [I] Quo vadis, futebol?

Um pequeno excerto, provocante mas também hiper-sugestivo (e incisivo), de um artigo do cineasta brasileiro Ugo Giorgetti, intitulado «Arte e futebol», onde este controverte o paradigma, na organização, na espectacularidade, na rendibilidade, da inacreditável NBA.

Um jogo da NBA, seja ao vivo, seja acompanhado pela televisão é um espectáculo perturbador […]. Ver pequenos seres loirinhos, gordinhos e sardentos, no colo de pais também loiros, gordos e sardentos, todos batendo as mãos e obedecendo a palavras de ordem anunciadas previamente por um alto-falante, gritando o que os alto-falantes lhes mandam gritar, ver jogadores que se movimentam incentivados por sons de corneta em toques militares, ver espectadores incertos entre acompanhar o jogo que se desenrola à sua frente e o mesmo jogo ampliado em telões no alto do ginásio, ver artistas de cinema atuando, como sempre, dessa vez fingindo serem simples torcedores, entusiasmados por times que na verdade não são times mas “franchisings” e portanto, findo o campeonato, podem continuar tendo o mesmo nome ou não, podem continuar na mesma cidade ou não, ver tudo isso é algo assustador.

Em abono da mais pura verdade, diga-se que, na titilação portuguesa, os comentadores de serviço às madrugadas never undermine the glamour: they always rise to the occasion. Acham que o Ugo exagera, que subverte e distorce the beautiful and lovable game? Vão lá então ver (espero que desta vez a declinar para o gramar) um outro jogo da fantástica NBA, que aqui ainda se vai voltar a falar de alienação.

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