Infanta de encomenda

A bela Seresma nasceu nem nos idos da Segunda Guerra Mundial, tão comprida e cor-de-rosa, que a mãe, de humor seráfico, mandou de recado ao pai, embarcadiço de dois galões a bordo incerto, o seguinte telegrama:
QUASE METRO MINHOCA STOP PARTO FÁCIL STOP SALVO COTOVELO ENTALADO APRESENTAÇÃO NÁDEGAS DEDO NO BOCA STOP EXPRESSIVA PENSATIVA DORMIDEIRA STOP SEGUE CARTA.
Não esmoreceu o pai naquele vem que não vem de torpedos tresmalhados ou findoiros da neutralidade do vaso de guerra. Se cumpria assim longilínea linhagem. Que se chamasse Rosa Aurora, o anelídeo, volveu ao telegrafista. Estavam muito ao Sul Boreal. Nada de pasmar.
Pasmada era a menina. Sonsa no já de mama, muito sisuda na gula. Não mamava se não de furo de tetina alargado e, então, muito. Esforço, nada.

Maria Velho da Costa, O assassinato da bela seresma, Dores

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