Arte pública

Em Portugal, por regra a arte pública é manhosa, para não lhe chamar outra coisa – se quisesse ser elegante, diria que o panorama da arte pública é por cá confrangedor. Há todavia excepções. A mais importante respeita a um artista ímpar, morto precocemente, cujo trabalho documentei uns poucos posts atrás. Muitos não saberão que, em Portugal, há um soberbo exemplar de arte pública da autoria de Juan Munoz. Fica ali, bem perto, no Jardim da Cordoaria, no Porto, e como é óbvio nem demanda aquisição de ingresso para ser consumido. Aviso apenas – mais não digo – que, se não se deixarem turvar pelo enlevo contemplativo, será uma experiência dura, muito dura, perturbadora. Fica aqui a sugestão, que é igualmente (duplo) repto.

Comentários

Sérgio Aires disse…
Ora aí está um bom tema para discussão. Arte Pública! Quando será que este conceito ganha asas em Portugal? Porque se fala tanto de participação e de mobilização dos cidadãos e não surge nenhum movimento sério capaz de propor formas de arte pública neste sentido? Para quando uma estética em favor de uma ética?
Anónimo disse…
Porque as experiências que temos de arte pública em Portugal são a minha (associada ao regime do dr. Salazar) e a arte esquerdalha dos tempos do PREC que foi felizmente abafada. Este esquisso de regime que temos hoje não tem,obviamente, criatividade a tal ponto.
Sérgio Aires disse…
E será preciso ficar à espera do regime? Terá que estar o Estado necessariamente interessado em alguma coisa para que esta tenha que existir? A arte pública pode muito bem partir (deve?) da iniciativa privada. Desistir (ou resistir) pode de qualquer forma ser expressado publicamente. É urgente que a ética se reencontre com a estética.

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