Sócrates

How some have been depos'd, some slain in war,
Some haunted by the ghosts they have depos'd,
Some poison'd by their wives, some sleeping kill'd

Richard II, William Shakespeare


Há quem tenha interpretado o que Sócrates fez a Soares, com aparições fugazes e hiperbólicas na campanha, como falta de fé nas possibilidades de êxito da candidatura. Há quem pense o que Sócrates, desprezando o protocolo eleitoral, ontem à noite fez a Alegre como descortesia (má educação) e represália tão soez quão desnecessária. Há quem equacione o que, na génese, Sócrates fez a ambos, encorajando-os a avançar para peleja fratricida, como erro político elementar. Tudo ingenuidades. Aspirante a Príncipe perfeito, conhecendo-lhe o auto, Sócrates simplesmente escolheu há muito ser implacável. Com as eleições presidenciais, quis matar dois coelhos de uma cajadada: acabar de vez com a sombra tutelar de Soares e extinguir a oposição dangereuse. O ardil só não rematou como esperado porque Alegre obteve um resultado eleitoral (bem adiante de Soares) que lhe permite continuar a ter peso político interno no PS. Daí Sócrates, rápido a calcular e a reagir, ter-se apressado a abreviar/abafar os 15 minutos de glória (relativa) de Alegre, como quem clarifica: não tenhas veleidades. Daqui não vais a lado nenhum. Não gosto disto. Não gosto nada disto. Também eu fui até certo ponto cândido. Não serei mais. Em nenhuma circunstância o actual Primeiro-Ministro voltará a ter o meu voto.

[afinal não resisti à dementia política]

Comentários

Anónimo disse…
apoiadíssimo !!!

Mensagens populares deste blogue

A história e a moral

Professor universitário

Errata