O homem faz-de-conta

Faz de conta que tem origens humildes; faz de conta que é uma autoridade económica; faz de conta que é um tecnocrata; faz de conta que é um grande académico; faz de conta que não tem nada a ver com ideologias; faz de conta que não é político; faz de conta que é um nabo na retórica; faz de conta que não intriga nem se deixa intricar na pequena política; faz de conta que é rigoroso e austero; faz de conta que foi um grande governante; faz de conta que não distribui benesses nem sustenta clientelas; faz de conta que é um paladino do mérito; faz de conta que é independente; faz de conta que a sua fausta campanha é financiada pelo (con)tributo das gentes simples, sem posses; faz de conta que tem gabarito de estadista; faz de conta que consegue ver longe; faz de conta que conhece melhor e estima como ninguém o Interesse Nacional; faz de conta que é um garante de estabilidade; faz de conta que tem alma e estaleca de timoneiro; faz de conta que se inquieta com o futuro dos filhos e netos dos outros; faz de conta que é A Solução para Portugal. Faz tanto de conta há tanto tempo que na verdade deixou de fazer de conta. Ele é um faz-de-conta.

Comentários

Anónimo disse…
Hum ...
Espero que haja 2ª volta!
Anónimo disse…
Também gostava mas receio que vou ter que ver durante cinco anos o faz-de-conta e a maria a entrar pela minha vida...
Anónimo disse…
Também há o bicho-de-conta, mas desconheço se as identidades se confundem.

Mensagens populares deste blogue

A história e a moral

Professor universitário

Errata