Momento neon-realista

Um jornalista da TVI, no meio da multidão, entrevista um popular (de uma certa idade) no funeral de Álvaro Cunhal:

Então o senhor o que veio cá fazer?
Eu sou um dos esteiros, um dos filhos dos homens que nunca foram meninos…
[bruscamente] O senhor é de Lisboa?
Não, sou de Alhandra.
Onde é que isso fica? [não perguntou, mas pela cara não faltou muito]

Comentários

Sérgio Lavos disse…
O povo é sábio, mesmo quando vem de Alhandra. Certa TV é que, enfim...
Anónimo disse…
É de lamentar tamanha ignorância e falta de cultura geográfica. Mas é a mania dos canais de televisão, que só querem dondocas na televisão. Basta uma cara laroca e pronto já sou um grande jornalista.
Sinais do tempo![infelizmente]
Anónimo disse…
Estou convencido que não é um problema de ignorãncia.Os produtores de TV escolhem no casting as mais baratas das mais larocas.É assim um bom gestor.
Afonso Bivar disse…
Luís e c. indico, e também Sérgio. É verdade que na maior parte dos casos são raparigas novinhas, engraçadas que estão ao serviço. Neste não. Era um homem. Muito despachado por sinal. É ignorância, poupança e sobretudo aquilo que chamarei 'economia mediática', que não se concilia com testemunhos imprevistos, ao arrepio do cabaz já trazido de 'casa'. Aquilo era pura perda de tempo. O homem não chorava, não protestava o seu profundo desgosto, não idolatrava o Cunhal, não interessava. Ponto final.
Aquele por acaso era um testemunho pungente. A completa indiferença do 'repórter' de facto fez-me impressão.
Obrigado pela participação.
Artur Coelho disse…
isto é particularmente bizarro para quem conhece Alhandra e já trabalhou com os netos dos meninos dos esteiros. E os netos, dando ou tirando um telemóvel ou roupa de marca, são muito semelhantes aos avós retratados nos livros de Soeiro Pereira Gomes
Anónimo disse…
acho que devias ler a resposta do visado jornalista na pagina do jpp-abrupto.
Vocês quando querem «armam-se« em velhinhas, deste melhor Portugal,que é o profundo, e tudo o que vêem e vem de novo tem que «levar«.
A semelhaça é grande, pois até a cor das vossas »toilletes» coincide com a delas;e tudo para que os parolos da cidade vós confiram «estatuto« de astutos pensadores.
Afonso Bivar disse…
Artur, eu também tive oportunidade de há uns anos atrás realizar trabalho em Alhandra. Provavelmente a sua experiência será mais recente. O legado de que fala estava de facto lá.
Afonso Bivar disse…
Não costumo responder a anónimos, ou, para ser mais exacto a quem se esconde atrás do anonimato. Abro aqui uma excepção, para assinalar três pontos.
1. li, sim senhor, a réplica, que não me leva a acrescentar nada ao que escrevi;
2. cuide da sua ignorância;
3. quando tiver um pouco mais de referências, releia então a resposta que invoca. Pode ser que então consiga «ver» aspectos que desta vez não conseguiu.
Anónimo disse…
o pá, eu não me escondo atrás do anonimato.o meu nome é pedro filipe rocha afonso, sou cidadão da républica portuguesa,portador do b.i.n 8193314 de 13-07-2000, o correio electrónico é pedro68afonso@hotmail.
Não fico de braços cruzados a ver uma cambadada de pseudo-intelecto-hi-level-opinion-makers,sublinho cambada,pois a atitude é em todos, a mesma : » tens que passar pelo crivo» e somos «nós« a colocar a chancela de « produto visionado com garantia de qualidade»
Deixem as pessoas serem livres,e aí encontarem novas formas de fazer, dizer, ser.
A resposta do jornalista está lá,no blogue do JPP-ABRUPTO, mas se fosses sério,«importarias» a resposta do jornalista, QUE TE RESPONDE A TI,como JPP escreve.
A réplica que me dás,é.... mimosear-me com o termo ignorante!Fiquei mimoseado.
Lamento, que depois da resposta do jornalista, a tua «razão« continue,sem inflexão.
Pois é?! Vestes-te de preto,como as velhinhas,não é?
Anónimo disse…
Depois de ler esta resposta do "anónimo" Pedro qualquer-coisa, quero vestir-me todo de preto ! Arre-porra-que-é-demais!

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